O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), avaliou os trabalhos da prefeitura após morte do então prefeito reeleito Fuad Noman, em março deste ano, aos 77 anos, depois de meses de internação com quadro de insuficiência respiratória aguda grave.
Em entrevista ao CNN Novo Dia nesta segunda-feira (15), Damião disse que a transição de governo foi “muito difícil”. “Todos acompanharam o carinho que eu tinha pelo prefeito Fuad. A gente sofreu juntos e, para mim, foi tudo muito difícil. Eu nem computo os primeiros meses enquanto ele estava internado e eu à frente da prefeitura. A gente estava fazendo o que podia e segurando a barra”, disse.
Damião também falou que deu continuidade ao legado de Fuad na prefeitura, mas disse que o atual governo acrescentou outros objetivos para os trabalhos da prefeitura. Entre eles, o prefeito citou o lançamento do programa Catraca Livre, no domingo (14), que oferece ônibus gratuito na capital mineira aos domingos e feriados.
Ainda segundo Damião, a implementação da tarifa zero no transporte público da capital mineira depende fundamentalmente de incentivos financeiros do governo federal. Ele afirmou ser inviável para as prefeituras arcarem sozinhas com os custos da gratuidade total sem a participação da União.
Segundo ele, a Prefeitura de Belo Horizonte já subsidia quase um bilhão de reais do transporte público por ano, e acrescentar mais um bilhão e meio de reais para bancar a tarifa zero seria insustentável para as finanças municipais. “Se eu colocar mais um bilhão e meio nas costas da prefeitura, eu quebro a prefeitura”, disse.
O prefeito fez questão de diferenciar o programa Catraca Livre, já implementado na cidade aos domingos e feriados, da tarifa zero, que propõe a gratuidade para ônibus. O programa atual é viabilizado com recursos devolvidos pela Câmara de Vereadores, que retorna cerca de 70 milhões de reais por ano aos cofres municipais, enquanto o custo da gratuidade nos fins de semana fica em torno de 40 a 50 milhões de reais.
Articulação com o governo federal
Damião revelou que já conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o tema durante visita recente a Belo Horizonte e que participou de reuniões na Frente Nacional de Prefeitos em Brasília para discutir o tema. “Ele já está conversando com os ministros dele sobre esse assunto”, afirmou o prefeito, referindo-se ao diálogo iniciado com o governo federal.
Para o gestor municipal, a questão central não é a vontade política de oferecer o benefício à população, mas sim quem vai arcar com os custos. Com o governo federal participando financeiramente, o prefeito avalia que os gestores de cidades pelo Brasil devem conseguir pagar pelo programa.
Durante a entrevista, o prefeito também abordou os desafios enfrentados pela cidade durante o período de chuvas intensas, destacando que investimentos em bacias de contenção realizados nos últimos anos têm minimizado os impactos, embora ainda ocorram alagamentos em alguns pontos da capital mineira.
Apesar das dificuldades e da transição conturbada, Damião avaliou positivamente o fim do ano da prefeitura.
Fonte: CNN BRASIL