A Ouvidoria da Polícia de São Paulo informou, nesta sexta-feira (5), que pediu explicações sobre a morte de Carlos Vieira Alves, apontado como “Ferrugem” do PCC (Primeiro Comando da Capital) pela polícia, morto em um susposto confronto com a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), no dia 28 de novembro, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.
A intistuição afirma que recebeu denúncias alegando que o suspeito, na verdade, era uma advogado inocente e não fazia parte do PCC.
Segundo a Ouvidoria, Carlos era advogado registrado pela OAB-SP (Ordem dos Advogados de São Paulo) e proprietário de uma empresa de cartonagem. Ele era casado, pai de dez filhos e dois netos, parte de uma familia tradicional em Poá e participava ativamente de programas sociais.
Quanto a alcunha de “Ferrugem”, o relato afirma que a mesma seria proveniente de um apelido de infância, sendo apenas uma semelhança com a do procurado pela polícia.
Para esclarecimento dos fatos, a Ouvidoria pede para que a Coregedoria da Polícia Militar forneça imagens das COPs (Câmeras Corporais Portáteis) dos policiais da Rota envolvidos na ocorrência.
Além disso, o órgão solicitou à Policia Civil a disponibilização das imagens das câmeras do entorno do local da morte e que a investigação do caso seja transferida para a capital.
“Com essas divergências aparentes é imperiosa a célere e acurada investigação e apuração dos fatos, para que mais uma família não pague com o opróbio e a vida de seus pilares atuações e procedimentos injustificados e suspeitos, em desacordo com o histórico de bom uso da inteligência que marca esta corporação”, afirma a ouvidoria.
Em nota publicada nas redes sociais, a Rota afirmou que é falsa a alegação de que a corporação confundiu Carlos Vieira Alves com outro suspeito por terem a mesma alcunha. Segundo o batalhão, Carlos foi identificado através de um trabalho de inteligência e planejamento da polícia e que, no carro do homem, foram encontradas drogas e duas armas de fogo.
A Rota afirma ainda que “outros 400 suspeitos com o mesmo vulgo de Ferrugem também são monitorados e constam nos bancos criminais da corporação”.
A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) afirmou que o suspeito morto teve seu envolvimento com o PCC confirmado pelo setor de inteligência.
De acordo com o informado, Carlos possuía antecedente por furto qualificado e, em investigações conduzidas pelo Denarc em 2022, surgiram indícios de sua vinculação ao crime organizado por meio de atividades relacionadas ao tráfico de drogas na região do Alto Tietê, especialmente em Poá, Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba.
No dia da ocorrência, a secretaria diz ainda que ele transportava tijolos de maconha e duas pistolas — material que foi apreendido e encaminhado para perícia, assim como o armamento utilizado pelos policiais envolvidos.
A PM instaurou um inquérito, que está em andamento, para apuração das circunstâncias da ação, bem como as imagens de câmeras corporais, que também serão disponibilizadas à Polícia Civil para subsidiar as apurações na esfera da polícia judiciária.
No dia da morte, a subseção da OAB em Arujá publicou nas redes sociais uma nota lamentando a morte de Carlos. A CNN Brasil confirmou que ele possuía carteirinha ativa de advogado.
A reportagem solicitou uma nota da OAB-SP sobre o caso e aguarda retorno. O espaço segue aberto.
Morte de “Ferrugem”
A Polícia Militar de São Paulo divulgou a morte apontando Carlos como um membro da Sintonia Final do PCC, conhecido como “Ferrugem”. Conforme o registro da ocorrência, ele foi morto em um tiroteio com policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), na tarde de sexta-feira (28), em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), Carlos Alves Vieira, de 48 anos, foi abordado pelos militares por suspeita de transportar drogas em um veículo na Rua Carmo da Mata.
A secretaria afirma que, já no início do abordagem, ele começou a atirar nos policiais, que revidaram. Durante o tiroteio, “Ferrugem” foi atingido e morreu no local. A Rota apreendeu duas armas de fogo, grande quantidade de drogas e dinheiro vivo.
Segundo a polícia, “Ferrugem” é apontado como integrante do núcleo de lideranças do PCC e atuava no Itaim Paulista, na zona Leste de São Paulo, e nas cidades de Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Poá e Mogi das Cruzes.
A corporação informou ainda que ele possuía 18 passagens pela polícia desde 2004 e era investigado por ameaças com emprego de arma de fogo contra devedores. Em 2015, Carlos foi investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Guarulhos (SP) por tráfico de drogas, roubo, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Além do tráfico de drogas, a polícia aponta que há indícios de que “Ferrugem” também atuava na intermediação e fornecimento de armas, mantendo contatos com diferentes integrantes daa facção. Investigações apontam que ele ascendeu rapidamente dentro do PCC como coordenador da logística na distribuição de drogas em média e larga escala, organizando inclusive rotas nacionais e internacionais.
O caso foi registrado na Delegacia de Itaquaquecetuba e é investigado como MDIP (Morte Decorrente de Intervenção Policial).
Fonte: CNN BRASIL