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O agro é delas! Quem são as mulheres que movem a Fenagro

Na foto Georgia Ortega, Maria Goreti e Zulmira Sena –

Marcado por ser um setor seleto na economia, o agronegócio não deixa de ser associado a figuras masculinas. São sempre competidores, juízes e outros cargos que são ocupados majoritariamente por homens.

Três personalidades femininas, entretanto, mudam a rota desse panorama na Bahia: Georgia Ortega, Zulmira Sena e Maria Goreti. São mulheres que estão à frente de competições e projetos equestres no Estado e estão ali para também fazer a Fenagro acontecer.

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São histórias que envolvem não apenas o trabalho, mas uma paixão por cavalo. É o caso de Zulmira, que desde pequena tem ligação com a área. Já representou o Brasil no Mundial da Mulher Vaqueira, na Colômbia, e hoje expande seus conhecimentos para muitas pessoas que precisam de atenção especial.

“Todas as minhas raízes são do campo. Meu avô era vaqueiro, então ele lidava com esse mundo. Eu aprendi a tirar leite com ele e criei uma paixão muito grande porque eu acho que quando eu espirrei para nascer, eu já sabia que eu queria cavalo”, explica ela.

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Zulmira está à frente da Arena Pônei, na Fenagro. O espaço recebe milhares de crianças que podem se divertir no Parque de Exposições, mas ela também foi responsável pela criação de um projeto especial na Região Metropolitana de Salvador (RMS): a equoterapia.

O projeto Nosso Lar é uma modalidade de terapia com cavalos para pessoas com deficiência e transtornos mentais. Milhares de crianças e adultos recebem a reabilitação com o uso de animais através da rede pública de saúde em Camaçari.

“Me procuram como referência, vão lá nos visitar, entram em contato e eu fico muito feliz porque está valendo a pena. Hoje algumas pessoas dizem que eu sou inspiração, mas não é, é só um modelo que deu certo e a gente está aqui aprendendo todos os dias. Esse é o grande barato da história, a grande força que move a equoterapia, e que moveu para que hoje temos vários centros na Bahia, no Brasil”, completou ela.

Zulmira Sena | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

O projeto nasceu há 18 anos, e hoje atende mais de 90 famílias exclusivamente pelo SUS da cidade de Camaçari. O Nosso Lar é responsável pela reabilitação física e cognitiva de pessoas com deficiência e transformou a vida de milhares de pessoas.

Outra referência no ramo do agronegócio é Georgia Ortega, intitulada como retada, e injustamente como encrenqueira. A presidente da Associação Baiana de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABCQM) é uma das poucas mulheres a liderarem associações de criadores de animais na Bahia, mas é referência no que faz.

Sua trajetória começou muito antes de chegar à Bahia. Natural do Mato Grosso do Sul, a esportista praticava hipismo, uma modalidade equestres que usa o salto, adestramento e concursos. Assim que pisou em terras baianas, Georgia conheceu o Team Penning, uma prática de separar uma cabeça de gado do resto do rebanho.

“Fiz parte da organização de Team Penning aqui no Parque de Exposições e isso acabou virando paixão. Eu era do Mato Grosso, e lá não tinha vaquejada, mas o Nordeste tem. Já cheguei comprando cavalos e entrei na vaquejada. Neste meio, no meio dos cavalos, vieram também grandes amizades, e o engajamento aumentou”, explica a esportista.

A firmeza, o pulso, a busca do fundamento, para ela, tem uma explicação: a paixão pelos cavalos e a constante mania da perfeição. “Quando a gente faz por paixão, esses títulos acabam chegando. As pessoas falam que eu sou encrenqueira, mas eu luto muito para fazer as coisas perfeitas, do jeito certo. Não gosto de errar e de ser chamada a atenção. Eu sou muito intensa e faço tudo com amor”, declara ela.

Georgia Ortega

Georgia Ortega | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

Georgia já foi atleta de tambor, de ranch sorting, de apartação e até já brincou de vaquejada. No meio do agro, é muito incomum ver mulheres liderando tantos títulos quanto ela. A presença da mulher se contrasta com um ambiente machista e ferroz, mas ela garante que o espaço precisa ser conquistado com garra pela figura feminina, mas que toda a parte operacional é muito importante nesses eventos.

“Eu acho que a mulher tem que buscar o fundamento, porque o mundo é machista. O mundo do agro depende muito também da força operacional. Nessa Fenagro, a competição não sairia sem a equipe operacional que eu tenho por trás. Assim como Zumira, tem outras mulheres já trabalhando com a equoterapia na Bahia, fazendo um trabalho sensacional, e eu tenho aqui comigo Maria Goreti, que trabalha com todas as secretarias das modalidades que você imaginar”, reitera ela.

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Maria Goreti, a quem Georgia se refere, é tudo isso e um pouco mais. A professora formada em Literatura, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), largou o mundo da licenciatura pelo mundo dos cavalos.

Hoje, a também esportista, é representante comercial de diversas modalidades, em inúmeras competições pela Bahia afora. O fascínio pelo mundo equestre começou há muitos anos atrás, quando ela participava de eventos equestres. Aos poucos, começou a organizar competições equestres, e hoje o agro é a sua fonte de renda principal.

“Me afastei desse mundo. Uma pessoa que eu conheci, através do meu trabalho no Team Penning me indicou para um representante comercial para trabalhar com ele. E hoje estou aqui, fazendo além desse esporte, o Ranch Sorting, e quem faz um campeonato desses, fecham comigo o ano inteiro”, celebra ela.

Maria Goreti

Maria Goreti | Foto: Carla Melo | Ag. A TARDE

Maria Goreti é responsável por toda a parte financeira dos campeonatos, a parte de reserva, a parte dos pagamento dos competidores. É quem organiza desde o mapa até o ranking.

“Eu sou aquele pau para toda obra, mas uma coisa que eu agradeço muito porque eles têm uma confiança no meu trabalho. Eu sou quase uma perfeccionista. Sou a mulher da cobrança, eu sou a mulher que organizo as coisas para serem no horário. Eu sou aplicada”, explica Maria.

A figura feminina sempre esteve presente na família de Maria, e a imposição sempre foi algo essencial entre as cinco mulheres que fizeram parte disso. Não foi difícil se adequar a um meio entre homens, afinal, ela justifica que o seu bom trabalho como representante não abre espaço para o desrespeito e o machismo.

“Só era o meu pai de homem. Ele era caminhoneiro, e a gente sempre teve que se colocar como mulher, como pessoa. Eu passo a madrugada trabalhando, e só com as presenças de homens. Graças a Deus me respeitam por isso. Mas eu costumo dizer isso em minha sala de aula e aos meus clientes: não precisam que gostem de mim. Eu preciso que respeite o meu trabalho”, finaliza ela.



Fonte: A Tarde

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