Exportações de Santa Catarina em alta apesar de recuo aos EUA

Apesar dos impactos gerados pela tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre exportações de produtos brasileiros, o estado de Santa Catarina consolidou o segundo melhor desempenho da série histórica em vendas para outros países entre janeiro e setembro deste ano.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), divulgados na segunda-feira (6), as vendas ao exterior do estado cresceram 5% nos últimos nove meses. O percentual representa um salto de US$ 8,5 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado.

“Santa Catarina é uma potência que exporta para mais de 200 destinos pelo mundo. Isso é fruto de um povo trabalhador, empreendedor, que produz com capricho e excelência. Por isso que a nossa produção é muito competitiva em mercados internacionais”, comemorou o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).

Os produtos do agronegócio seguem liderando a pauta exportadora catarinense. A carne suína (US$ 1,29 bilhão), a carne de aves (US$ 1,29 bilhão) e a soja (US$ 447 milhões) são os principais itens de exportação de Santa Catarina em 2025.

Na sequência, aparecem motores elétricos (US$ 416 milhões), peças para motores (US$ 276 milhões), bem como madeira cortada (US$ 270 milhões). “A produção de Santa Catarina é muito diversificada e ingressa nos mercados mais exigentes do mundo. O estado tem vocação para exportar, principalmente produtos com maior valor agregado”, detalhou o secretário de estado de Indústria, Comércio e Serviços, Silvio Dreveck.

Em relação ao mês de setembro, o resultado foi o segundo melhor da série histórica para o mês, com faturamento de US$ 1,05 bilhão. O desempenho só ficou atrás do ano passado, quando o estado atingiu US$ 1,07 bilhão nas vendas. O gráfico abaixo evidencia a evolução dos valores, em dólares, das exportações de Santa Catarina no mês de setembro.

Vendas para os EUA recuaram 55% em setembro

O recuo de 1,2% na comparação entre setembro de 2025 e 2024 pode ser explicado pelas restrições dos EUA aos produtos brasileiros. Dados da balança comercial compilados pelo Observatório Fiesc mostram que, em setembro, as exportações para os EUA caíram 55% em relação ao ano anterior.

“A manutenção do tarifaço em 50% já prejudica seriamente as exportações catarinenses para os EUA, com repercussões graves, como demissões. Dados de emprego já mostram perda de vagas na indústria”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Gilberto Seleme.

Dentre os principais produtos da pauta exportadora do estado em setembro, o item partes de motor foi o que apresentou o maior declínio, de 57,1%. As vendas de outros móveis caíram 14,5% e as de motores elétricos recuaram 11,9%.

“A abertura do diálogo com os EUA cria a expectativa para que a negociação possa partir para argumentos mais técnicos e qualificados. O diálogo é a única alternativa para reverter o tarifaço”, avaliou Seleme.

Além do desempenho negativo em relação aos EUA, Santa Catarina recuou 1% nas exportações para a China. No entanto, as vendas aumentaram para países importantes, como Chile (49,6%), Filipinas (42,8%) e Paraguai (25,6%).

Outros destinos relevantes também aumentaram as compras dos produtos catarinenses. É o caso de Japão (+12%), Arábia Saudita (+7,7%), México (+6,7%) e Argentina (+6,2%).

Em relação às importações, Santa Catarina observou crescimento de 2,11% em comparação com igual período do ano anterior, totalizando US$ 2,94 bilhões. No acumulado do ano, o incremento foi de 2,54% frente ao período de janeiro a setembro de 2024, para US$ 25,43 bilhões. A China segue como a principal origem das compras, seguida pelos Estados Unidos, Chile, Alemanha e Argentina.