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Estas peças de couro salvam vaqueiros todos os dias; entenda como

Essa armadura de couro parece simples, mas esconde segredos do sertão –

Você já viu um vaqueiro vestido com roupas de couro pesadas, chapéu diferente, e montado num cavalo, mesmo sob sol forte? Para muita gente, essa roupa pode parecer estranha, mas ela é uma verdadeira armadura, tal qual a usada pelos antigos cavaleiros medievais que você conhece das histórias.

Assim como os guerreiros antigos usavam armaduras de ferro para se proteger em batalhas, o vaqueiro nordestino criou sua própria defesa. Mas em vez de lutar em guerras, o desafio dele é enfrentar a Caatinga — vegetação típica do semiárido baiano, com árvores cheias de espinhos e galhos tortos e secos -, sob um sol que queima de verdade.

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No meio do mato, cada peça de roupa tem uma missão especial. Não é apenas estilo, é sobrevivência. O couro é grosso para impedir que os espinhos rasguem a pele do vaqueiro enquanto ele corre atrás do gado. Até o cavalo ganha proteção especial no peito e na cabeça para não se machucar.

Um dos grupos de vaqueiros mais conhecidos da Bahia é o Encourados de Pedrão. Eles surgiram em 1823, durante as lutas pela Independência da Bahia, no município de Pedrão. Imagine só: soldados vestidos inteiramente de couro lutando para libertar o nosso estado!

Hoje, eles desfilam com orgulho no Dois de Julho e em diversas apresentações pelo Estado e mantêm viva a memória desses heróis que, montados em seus cavalos, ajudaram a escrever a nossa história.

Entre esses cavaleiros encourados está Ademário Martins, conhecido como Ademário Aboiador. Aos 71 anos, pai de cinco filhos e avô de cinco netos, ele diz ser vaqueiro desde o dia em que nasceu. “A parteira disse: ‘Chegou aqui um vaqueiro respeitado da Bahia’”, conta, com orgulho. Natural de Coração de Maria, ele sempre viveu entre cavalos e gado. “Sou vaqueiro raiz, vaqueiro destemido para qualquer hora do dia.”

Vestimentas de couro e utensílios do sertão marcam | Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE

A entrada de Ademário nos Encourados de Pedrão aconteceu por acaso. Ele conta que, durante um passeio, viu o grupo reunido e perguntou o que era preciso fazer para se tornar um encourado. “Disseram que era só ter cavalo e roupa. Cavalo eu já tinha. Comprei a roupa e virei encourado”, relembra. Desde então, já se passaram 30 anos de participação nos desfiles e nas cavalgadas da região, sempre representando com orgulho a cultura do sertão baiano.

Para ele, vestir o couro dos Encourados de Pedrão vai muito além de colocar uma roupa. “Isso é um dever de honrar a profissão de vaqueiro.”

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A armadura do vaqueiro

Cada peça do traje serve como escudo. Confira:

1. Chapéu de Couro (o capacete do vaqueiro) – Diferente dos chapéus comuns, ele é grosso e tem abas caídas. Serve para proteger a cabeça do sol forte, da chuva e, principalmente, dos galhos que podem bater no rosto e na cabeça durante a montaria.

2. Gibão (a armadura) – É a peça mais famosa! O gibão cobre o peito, os ombros e os braços. Funciona como uma jaqueta super-resistente que “blinda” o corpo contra arranhões e cortes na mata, bem como contra queimaduras de sol.

3. Perneiras (escudo para as pernas) – São duas faixas de couro que cobrem as pernas, do pé até a coxa. Como o vaqueiro anda muito pelo meio do mato, as perneiras evitam picadas de bichos e cortes por espinhos rasteiros.

4. Luvas especiais (escudo para as mãos) – O formato é curioso: ela cobre o dorso das mãos, que fica mais exposto a machucados durante a montaria, e deixa os dedos livres para segurar as rédeas.

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| Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE

5. Alforge (a mochila) – É uma bolsa dupla de couro que vai presa na sela do cavalo. É lá que o vaqueiro leva comida, água e ferramentas.

6. Berrante (a comunicação) – Feito de chifre de boi, é o “rádio” do vaqueiro. O som grave viaja longe e serve para chamar o gado ou avisar os companheiros de viagem onde a comitiva está.

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| Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE



Fonte: A Tarde

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