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Como identificar metanol em bebidas alcoólicas

Um canudo que muda de cor, um teste gratuito em cinco minutos e um método que transforma bebida em formol para revelar adulteração. Essas são algumas das tecnologias desenvolvidas por universidades públicas brasileiras para combater o metanol, substância tóxica que está no centro da investigação de mais de 200 casos de intoxicação no país.

Pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Unesp (Universidade Estadual Paulista), UnB (Universidade de Brasília) e UEPB (Universidade Estadual da Paraíba) criaram soluções rápidas e acessíveis para identificar o “veneno invisível” que não tem cheiro nem gosto.

Na UFPR, o Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear realiza exames gratuitos para identificar metanol em bebidas. A análise exige apenas algumas gotas e leva cinco minutos. “Colocamos o líquido em um tubo. A análise é muito rápida”, explica o professor Kahlil Salome.

O equipamento gera um relatório sem uso de reagentes químicos. É produzido um gráfico que revela as substâncias presentes no líquido e indica a presença de metanol, mesmo em bebidas coloridas ou com frutas. O método detecta concentrações acima do limite seguro de 10 microlitros de metanol em 100 mililitros de cachaça, vodca ou tequila.

O Inmetro, o Ministério da Agricultura e Pecuária e a Polícia Federal utilizam a cromatografia, técnica que separa e analisa os componentes das misturas. “Na ressonância, os custos são bem menores. O equipamento desenvolve uma análise rápida – questão de minutos”, diz o professor.

A UFPR opera dois aparelhos, um deles em uso há 30 anos e outro recém-adquirido por US$ 500 mil. “O custo foi alto, então devolvemos o investimento à população com testes gratuitos”, completa.

Cientistas da UFPR, Unesp, UnB e UEPB fazem testes rápidos em bebidas alcoólicas. Alguns são gratuitos. (Foto: Fernanda Bittencourt Bessa/UFPR)

Unesp transforma bebida em formol para identificar metanol em bebidas alcoólicas

Na Unesp, pesquisadores criaram um método patenteado que identifica metanol por meio de uma reação química visível. Ao adicionar um sal à bebida, forma-se formol. Em seguida, um ácido muda a cor da amostra em até 15 minutos, revelando, assim, a contaminação.

Uma outra inovação vem da Universidade de Brasília (UnB). Nesse caso, o químico Arilson Onésio Ferreira desenvolveu um exame com reagentes inicialmente voltado para combustíveis. “O projeto surgiu na UnB com foco no combate às fraudes por metanol em combustíveis”, diz. Posteriormente, o método foi adaptado para bebidas e hoje serve tanto a empresas quanto a órgãos públicos.

Canudo inteligente muda de cor ao contato com metanol e transforma o ato de beber em um alerta instantâneo contra fraudes.Canudo inteligente muda de cor ao contato com metanol e transforma o ato de beber em um alerta instantâneo contra fraudes. (Foto: David Fernandes/Secom PB)

Ferreira alerta, entretanto, que “apenas 30 mililitros de metanol podem ser fatais”. Por isso, ele reforça a importância de evitar falsos negativos, uma vez que as formulações das bebidas podem alterar os resultados. Cada teste de metanol custa cerca de R$ 25, e há aproximadamente 200 empresas aguardando kits para análise.

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Infravermelho e canudo que muda de cor identificam adulteração em bebidas

Na Universidade Estadual da Paraíba, pesquisadores desenvolveram uma tecnologia capaz de identificar metanol em segundos e com 97% de precisão. Além disso, o método, baseado em espectroscopia de infravermelho, detecta adulterações sem abrir a garrafa e sem reagentes.

Nesse processo, o equipamento emite luz infravermelha sobre o líquido e analisa o retorno molecular, revelando substâncias estranhas, como metanol ou água adicionada. Os pesquisadores também criaram um canudo que muda de cor ao contato com metanol, ampliando a segurança do consumidor.

O grupo testa versões portáteis e de baixo custo para uso em fábricas e fiscalizações. “Isso dá segurança a quem consome a bebida, mostrando se há presença de metanol”, afirma Nadja Oliveira, pró-reitora da UEPB.

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Fonte: Gazeta do Povo

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