HomeNotíciasCâncer na tireoide: tratamento e como doença pode afetar Éverton Ribeiro

Câncer na tireoide: tratamento e como doença pode afetar Éverton Ribeiro

O meia Éverton Ribeiro, 36, capitão do Bahia, revelou nesta segunda-feira (6) que foi diagnosticado com câncer na tireoide há cerca de um mês.

A informação foi compartilhada nas redes sociais, um dia após o triunfo do clube baiano sobre o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro. O jogador afirmou que passou por cirurgia para remoção do tumor e que o procedimento foi bem-sucedido. Ele está em recuperação, mas o clube ainda não divulgou prazo para o retorno dele aos gramados.

Apesar da gravidade do diagnóstico, especialistas afirmam que, na maioria dos casos, o câncer de tireoide tem bom prognóstico e tratamento eficaz, principalmente quando diagnosticado precocemente.

A médica e professora Marianne Nakai, cirurgiã de cabeça e pescoço e membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, explicou detalhes da doença e como ela pode impactar a saúde e o desempenho de um atleta de alto rendimento como Éverton.

O que é o câncer de tireoide?

Segundo Marianne, existem três principais tipos de câncer de tireoide, sendo o carcinoma papilífero o mais comum — responsável por cerca de 90 a 95% dos casos. É considerado um câncer bem diferenciado, com alto índice de cura quando tratado corretamente.

Em seus estágios iniciais, o câncer de tireoide costuma ser silencioso, ou seja, sem sintomas visíveis. Por isso, na maioria das vezes, é descoberto por acaso, durante exames de imagem como o ultrassom de pescoço. Em fases mais avançadas, pode causar rouquidão, aumento de linfonodos no pescoço e dificuldade para engolir.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico geralmente começa com um ultrassom, que pode identificar nódulos suspeitos na glândula. O passo seguinte costuma ser a punção aspirativa por agulha fina (PAAF), um tipo de biópsia minimamente invasiva que analisa o material coletado para confirmar a presença de células cancerígenas.

Tratamento: cirurgia, hormônio e radiodoterapia

O tratamento do câncer de tireoide é baseado em três pilares principais:

  1. Cirurgia: primeiro passo, e pode ser feita de duas formas: tireoidectomia total, com a retirada completa da glândula, e tireoidectomia parcial, remoção de apenas um dos lados da tireoide, indicada para casos iniciais.
  2. Supressão hormonal: realizada com o uso diário de levotiroxina, um hormônio sintético. Em alguns casos, é necessário administrar uma dose um pouco maior para inibir a produção de TSH (hormônio que pode estimular o crescimento de células cancerígenas remanescentes).
  3. Radiodoterapia com iodo radioativo: indicada em situações com maior risco de recidiva ou metástase. Nem todos os pacientes precisam passar por essa etapa.

A necessidade de seguir com os dois últimos tratamentos depende de uma análise feita após a cirurgia, com base nos resultados do exame anatomopatológico da peça removida. Essa análise identifica o tipo exato do tumor, se houve comprometimento de linfonodos e o risco de recidiva.

Como a doença pode afetar Éverton Ribeiro?

Embora o câncer de tireoide, especialmente o carcinoma papilífero, tenha baixa mortalidade (menos de 5% em 10 anos), o tratamento pode influenciar o desempenho de atletas, especialmente no curto prazo.

O hormônio da tireoide é fundamental para o metabolismo e o gasto energético. Portanto, atletas como Éverton Ribeiro, que têm uma demanda metabólica maior, podem sentir mais os efeitos da falta ou do excesso desse hormônio até que o ajuste ideal da medicação seja alcançado.

“Pacientes atletas, que têm uma atividade física intensa, às vezes também precisam de uma quantidade de hormônio um pouco maior”, explicou Marianne.

Caso o jogador tenha feito uma tireoidectomia total, ele terá que repor hormônio para o resto da vida. Se a cirurgia foi parcial, pode ser que ele ainda produza hormônio suficiente naturalmente, mas isso só será avaliado com exames após a recuperação.

Fatores de risco e causas

A maioria dos casos de câncer de tireoide é esporádica, ou seja, aparece sem causa conhecida. No entanto, há alguns fatores de risco reconhecidos:

  • Histórico familiar (quatro ou mais parentes de até 2º grau com a doença);

  • Exposição à radiação ionizante, principalmente na infância;

  • Exposição ocupacional à radiação (ex: profissionais da área médica, como radiologistas ou anestesistas).

Há formas de prevenir?

Atualmente, não há recomendação oficial para o rastreamento populacional do câncer de tireoide — ou seja, não se indica fazer ultrassom em pessoas sem sintomas ou histórico relevante. No entanto, exames como ultrassons de rotina podem ajudar na detecção precoce, o que facilita o tratamento.

Levar uma vida saudável, com alimentação equilibrada, atividade física e evitar exposição desnecessária à radiação são atitudes que, embora não garantam prevenção direta, contribuem para a saúde em geral e reduzem o risco de várias doenças.

Prognóstico: e o futuro do jogador?

Marianne esclareceu que não teve contato com o caso do jogador. Porém, de maneira geral o prognóstico do câncer de tireoide é bastante favorável, especialmente quando diagnosticado em fases iniciais e tratado corretamente.

“A chance de morte por esse tipo de câncer é baixa, inferior a 5% em 10 anos. Mas ele pode sim voltar em alguns casos, e por isso o acompanhamento contínuo é fundamental”, alerta a especialista.

Mesmo que a doença demande ajustes na reposição hormonal e acompanhamento por toda a vida, muitos pacientes, inclusive atletas, conseguem retomar suas atividades com qualidade de vida e desempenho normal.

Fonte: CNN BRASIL

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