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Audiovisual leva recente de produções baianas ao 2º Festival de Curtas

Nas próximas quinta e sexta-feira, dias 11 e 12, a partir das 18h, no Sesi Casa Branca, acontece mais uma edição do Festival de Curtas da Cidade Baixa. Apresentando uma seleção de 21 produções baianas, o festival chega ao seu segundo ano se firmando como uma importante janela para o que vem sendo produzido no estado, no âmbito do curta-metragem.

Com uma curadoria focada na diversidade de estilos, o festival apresenta um leque variado de filmes, que abrange desde o suspense (como o visto no impactante Âmago, filme dirigido por Fernanda Matos e co-direção de Marcos di Assis), passando pelo documentário em forma de denúncia (como traz o urgente Lagoa Azul – Território Ameaçado, filme de Karina Cassimiro sobre um dos locais de preservação ambiental mais belos do sul da Bahia que, hoje, enfrenta uma luta contra a destruição advinda da especulação imobiliária).

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Lagoa azul | Foto: Divulgação

Em um tema semelhante, mas voltado para o medo individual da expulsão do seu lar pela violência crescente, Sertão, de Ricardo Sena, foca em uma narrativa bucólica para retratar a tensão de um tema urgente.

Sertão, de Ricardo Sena

Sertão, de Ricardo Sena | Foto: Divulgação

E em uma abordagem documental/observacional, Marcos, o errante, filme de Thiago Brandão, oferece ao espectador uma profunda reflexão sobre seu personagem título, uma pessoa em situação de rua sua relação com uma áspera cidade de Salvador.

De cineclube a festival

Em entrevista ao jornal A TARDE, Mateus Lima, um dos curadores do festival, falou sobre a proposta do evento e como sua origem, a partir de um cineclube mensal (no caso, o Cine Clube CBX) realizado desde o começo do ano passado, ajudou a produção do evento a entender o processo de organização para sua primeira edição, bem como sua consolidação a partir deste seu segundo ano.

“Recebemos 48 curtas-metragens este ano, o que tornou o processo de seleção especialmente desafiador”, pontua Mateus. “Todos os realizadores merecem voz e tela no Cine Clube CBX e, por isso, escolher apenas alguns para o festival foi uma tarefa muito difícil. Além de priorizar a produção baiana, avaliamos força narrativa, originalidade, consistência estética e a capacidade de cada obra dialogar com o público”, explica o produtor e curador.

“Buscamos montar uma programação diversa e representativa do momento que o audiovisual baiano vive. Os filmes que não foram selecionados para esta edição seguem em nosso radar e já integram a curadoria para 2026. Recebemos obras incríveis, verdadeiras pérolas que ainda serão descobertas pelo público”, comemora.

Com um foco curatorial centrado na produção do nosso estado, Mateus comemora a diversidade que os filmes escolhidos para essa segunda edição trazem, bem como desenham um poderoso cenário de realizações. “A seleção deste ano está diversa e muito representativa do momento que o cinema baiano vive. Temos obras que abordam questões sociais, familiares, afetivas e culturais, sempre com muita personalidade. O conjunto dos filmes mostra um recorte potente da criatividade dos nossos realizadores, com propostas ousadas e, ao mesmo tempo, profundamente conectadas com a realidade da Bahia. É uma edição que reafirma o festival como uma vitrine indispensável para quem acompanha e acredita no audiovisual local”, destaca o curador.

Desafios superados

Ao enfrentar o desafio de realizar um festival independente em sua segunda edição, o curador aponta as dificuldades pelas quais o evento passou a partir de sua idealização através do Cine Clube CBX.

“No primeiro ano, nosso maior desafio foi estruturar um festival do zero, entendendo os fluxos, prazos e a dinâmica de uma mostra competitiva. Tudo era novo para nós. Comunicação com os realizadores, gestão do cronograma, organização interna e a construção de uma identidade própria para o evento”, enumera Mateus.

O citado cineclube, realizado na Cidade Baixa desde o começo do ano passado, é trazido por Lima como crucial nessa idealização e aprimoramento da mostra de curtas em sua segunda edição.

“O Cine Clube CBX foi fundamental para que o festival existisse. Desde o início de 2024, temos realizado sessões periodicamente nas últimas quartas-feiras de cada mês, o que nos deu ritmo, organização e uma convivência constante com o público da Cidade Baixa”, relembra.

“Essa regularidade ajudou a consolidar uma comunidade fiel e a fortalecer nosso entendimento sobre curadoria, divulgação e dinâmica de exibição. Todo o processo criativo e executivo do cineclube é realizado por apenas duas pessoas, eu e o Leonardo Motta, e essa estrutura enxuta nos forçou a aprimorar nossos métodos, a sermos mais organizados e eficientes em cada detalhe”, afirma o curador.

Cinema de rua

Ao levar um festival cinematográfico para a região da Cidade Baixa, o evento remete a um período no qual os cinemas de rua ocupavam os bairros da Salvador antiga, como o Cine Roma, que ficava justamente no bairro de Roma, próximo ao Caminho de Areia, onde funciona o Sesi Casa Branca. Mateus Lima ratifica esse ideal de valorizar os espaços de exibição da localidade.

“Tanto o festival quanto o cineclube carregam a missão de fortalecer a cultura dos cinemas de rua. O SESI Casa Branca é hoje um dos espaços mais importantes para essa retomada e, ao mesmo tempo, guarda uma relação afetiva com a comunidade da Cidade Baixa, assim como o Cine Roma representou em sua época para Salvador”, observa.

“O Cine Clube CBX é um dos responsáveis pelo movimento neocineclubista, que retoma a tradição dos cineclubes como espaços de formação de público e circulação de obras independentes. Essa visão reforça a importância de levar o cinema aos bairros e comunidades que historicamente tiveram menos acesso às salas tradicionais. Descentralizar as sessões é, portanto, uma forma concreta de democratizar o audiovisual e preservar a experiência coletiva que faz parte da identidade cultural da Cidade Baixa”, conclui Mateus.



Fonte: A Tarde

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