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A noite em que Wagner Moura me fez duvidar de tudo que julgava certo

Salvador recebe Wagner Moura em peça que questiona a verdade e a opinião pública –

Há uma saudade da volta pra casa, visível assim que o primeiro holofote iluminou o rosto emocionado de Wagner Moura, como Thomas Stockmann, no palco do Trapiche Barnabé, durante o espetáculo ‘UM JULGAMENTO – depois do Inimigo do Povo’, em Salvador.

Uma outra saudade é a de uma boa discussão, daquelas que fazem a gente firmar num pensamento, ou, quem sabe, até mudar de ideia. Numa conversa com outros jornalistas antes do início da peça, falávamos sobre a falta do contraditório, da performance moderna de — mais que estar— parecer o certo em toda história, nos empobrece enquanto povo.

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O mistério sobre a Verdade permeia o espetáculo, mas a Dúvida brilha em cena. A tensão do conflito de Thomas e seu irmão, Peter, provoca os personagens e a plateia a refletir, como um lembrete de que o questionamento precede a afirmação.

No texto, Christiane Jatahy, Wagner Moura e Lucas Paraizo convidam ao palco, uma sociedade que provavelmente já foi apresentada ao conceito do “tribunal da internet”, que julga e condena na velocidade da fibra óptica.

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“É uma peça que fala de um bocado de coisa do mundo contemporâneo. De coisas que eu tinha vontade de falar, de fake news, cancelamento, democracia, tecnologia. Sobre a verdade, sobretudo”, contou ao Portal A TARDE um Wagner Moura reluzente após o fim da peça.

O Julgamento traz o cinema como ferramenta para contar os tantos lados dessa história, que fica mais complexa com a liberdade da imaginação e do improviso do teatro, e faz o público se perguntar durante todo o espetáculo sobre o que é cena ou real. – Quem está ali é Wagner ou Thomas? –, me perguntei tantas vezes. No sonoro “falso uma porra”, definitivamente ‘Wagneresco’, com seu sotaque inabalável, caiu muito bem a Thomas.

“Eu digo na peça: ‘eu queria estar aqui’. Era eu dizendo”, contou Wagner.

| Foto: Divulgação | Caio Lírio

Thomas carrega consigo a melancolia de quem se depara com o aspecto mais complexo de uma democracia: a decisão da maioria. Ou melhor, como a maioria toma suas decisões, já que a Verdade pode vestir tantas roupas diferentes.

Na conversa com os colegas do lado de fora, também falamos sobre a esperança ainda resistir. Me nego a cair no conto de que “o mundo está perdido”, e não estou só. Thomas, como se estivesse de butuca durante nosso desabafo, fala sobre sua crença de que, assim como o ser humano pode ser terrível, também pode ser extraordinário.

UM JULGAMENTO – depois do Inimigo do Povo não é uma peça que entrega respostas prontas, mas se você estiver atento, leva umas boas interrogações na volta para casa.



Fonte: A Tarde

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