Brasileiros precisam trabalhar por até 8 meses para pagar primeira CNH –
O alto preço da habilitação é um fator preocupante para a população do Norte e Nordeste. Em média, uma família com renda intermediária precisa de cerca de oito meses para conseguir juntar o valor necessário para custear a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
De acordo com um levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), que comparou a renda média das famílias brasileiras com o preço cobrado pelo processo de habilitação, se uma família separar 30% da renda mensal para esse fim, quem mora em estados como Acre e Bahia levaria cerca de oito meses para reunir o valor. Já famílias do Maranhão e do Amazonas precisariam de, em média, sete meses.
Tudo sobre Brasil em primeira mão!
O cálculo segue os critérios utilizados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em estudos sobre o endividamento das famílias no país.
Leia Também:
A lógica é simples: comprometer até 30% da renda mensal com um objetivo específico — como pagar uma dívida ou financiar um bem — é o limite considerado saudável para manter o orçamento equilibrado. Acima disso, o risco de endividamento e inadimplência aumenta.
Realidade baiana: custo da CNH pode ultrapassar R$ 4,6 mil
Na Bahia, o valor total para tirar a CNH em 2025 varia entre R$ 3.643 e R$ 3.991, considerando autoescolas em Salvador, além das taxas obrigatórias do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA).
Os preços podem mudar de acordo com a cidade e a instituição escolhida, mas esses valores representam a média cobrada na capital.
Os custos médios são os seguintes:
- CNH A (moto): de R$ 1.827 a R$ 2.073
- CNH B (carro): de R$ 2.236 a R$ 2.469
- CNH A+B (ambas as categorias): de R$ 3.643 a R$ 3.991
Somando as taxas do Detran-BA e os valores das autoescolas, o investimento pode chegar a R$ 2.724 para quem deseja pilotar motos, R$ 3.120 para dirigir carros, e até R$ 4.642 para quem busca habilitação completa (A+B).
Como o preço é formado
Grande parte do custo está concentrada nas aulas práticas e teóricas oferecidas pelas autoescolas, que variam conforme a instituição. Além disso, há as taxas fixas cobradas pelo Detran-BA em cada etapa do processo:
- Laudo: R$ 275
- Exames médico e psicológico: R$ 376
- Aulas na autoescola: valor variável conforme a categoria
Somando todas as fases, o processo completo se torna um desafio financeiro para muitas famílias, especialmente em estados com menor renda média domiciliar.
Desigualdade regional
O atual gargalo socioeconômico expõe não apenas o esforço exigido para obter a primeira habilitação, mas também as desigualdades regionais. Enquanto no Norte e Nordeste o processo pode levar até oito meses de economia, nas regiões Centro-Oeste e Sudeste a situação é diferente.
Em São Paulo e no Distrito Federal, por exemplo, o custo da CNH equivale a pouco mais de meio mês de renda e pode ser custeado em até dois meses de trabalho, tornando o documento mais acessível e menos impactante no orçamento familiar.
Os dados da Senatran, cruzados com informações do IBGE, mostram que o Distrito Federal lidera tanto em renda domiciliar média — cerca de R$ 3,5 mil — quanto no número de condutores habilitados, com aproximadamente 5 mil por 10 mil habitantes.
Já estados como Maranhão, Pará, Piauí e Amazonas registram os menores índices, entre 1 mil e 2 mil habilitados por 10 mil habitantes, com renda média inferior a R$ 1,5 mil.
Transformação à vista
Para reduzir desigualdades e ampliar o acesso à habilitação, o Ministério dos Transportes está desenvolvendo um novo modelo de obtenção da CNH, que prevê redução de até 80% no custo para as categorias A (motocicletas) e B (veículos de passeio).
A proposta está disponível para consulta pública até 2 de novembro na plataforma Participa + Brasil, onde toda a população, o setor produtivo e as entidades envolvidas podem enviar sugestões e contribuições.
Fonte: A Tarde