A possibilidade da não realização do Arrastão da Micareta em 2026 vem dividindo opiniões na Câmara de Vereadores de Feira de Santana. O debate ganhou força após uma reunião realizada pela prefeitura, na terça-feira (7), divulgar os planos para a folia do próximo ano. Durante o evento, o prefeito José Ronaldo de Carvalho (União Brasil) anunciou que a festa acontecerá entre os dias 19 e 22 de novembro.
Além da nova data, no penúltimo mês do ano, o fato de o projeto inicial não fazer menção ao arrastão se tornou um tema sensível para a base governista na Câmara. O ato, que não é de iniciativa da prefeitura, acontece no primeiro dia após o encerramento oficial da festa, ou seja, sempre na manhã da segunda-feira.
Para engrossar ainda mais o caldo da polêmica, durante a reunião, um grupo de representantes do empresariado solicitou ao prefeito o cancelamento do arrastão, alegando que o evento traz sérios prejuízos para a economia local, uma vez que, após o final de semana da realização da micareta, o comércio está autorizado a funcionar normalmente.
Sempre contra
Um dos primeiros vereadores a declararem publicamente que é contra a realização do arrastão foi Edvaldo Lima (União Brasil). Apesar de a festa ser promovida pelo governo do estado, o parlamentar disse que a prefeitura não deveria gastar com o arrastão e que o dinheiro poderia ser melhor aplicado em áreas como saúde, educação e festas que ele considera ser mais de “família”.

“Prefeito, encaminhe imediatamente a micareta para a iniciativa privada. Quem quiser fazer festa que faça com dinheiro do próprio bolso. A prefeitura tem que fazer o Natal Encantado e o São João, que são festas de família. A micareta só traz bagunça e doença. Quando essa festa acaba, a cidade fica toda doente. Prefeito, passe isso para a iniciativa privada, que vai tirar essa dor de cabeça do senhor. E não faça nada de arrastão e nada de esquenta micareta”, disse o vereador Edvaldo Lima.
Totalmente a favor
O vereador Lulinha (União Brasil) saiu em defesa da realização do arrastão. Diferentemente do colega de partido, o parlamentar acredita que o evento agrega muito à micareta de Feira e que é uma boa oportunidade para pequenos ambulantes venderem as mercadorias que sobraram do período oficial da festa.
Lulinha é autor do projeto 82/2025, que institui e inclui o arrastão da micareta no calendário oficial de festas populares ou de eventos do município de Feira de Santana. A proposta passou na primeira votação e estava pautada para ser votada pela segunda vez na sessão desta quarta-feira (8).


“O arrastão não prejudica ninguém. O comércio só abre a partir das 14h e, por volta de meio-dia, o arrastão praticamente já acabou. Não atrapalha ninguém. Até as estruturas começaram a ser desmontadas na terça. Tem coisas que demoram quase 30 dias para desmontar. E não empata nada lá, porque o arrastão sai dos Capuchinhos e termina logo após o camarote da prefeitura.”


Ao Acorda Cidade, o vereador, que é da base aliada do governo e do mesmo partido do prefeito, lamentou o fato de não estar presente na reunião onde integrantes e representantes dos empresários de Feira de Santana formalizaram um pedido solicitando o cancelamento do arrastão.
“Ainda bem que eu não estava lá, porque ia ter polêmica. Eu ia pedir a palavra ao prefeito e seria contra. Eles ouviram a população? Eles ouviram os foliões que participaram? Um arrastão que não gasta nada. A prefeitura não gastou um centavo no arrastão da micareta. Não causa prejuízo para a prefeitura e causa lucro para as pessoas que não venderam, aqueles que levam os seus carrinhos, que vendem no isopor, conseguirem vender mais uma cervejinha ou água e anima aqueles que gostam de participar da festa”, disse o vereador Lulinha.
Aberto ao diálogo
Fonte: Fala Genefax