Racismo estrutural volta ao debate após denúncia –
Os avanços no combate ao racismo verificam-se na substituição do ofício de alisar cabelos crespos a ferro quente pelo de trancista, resultado da crescente consciência de si desenvolvida pelas afrobrasileiras.
A inclusão em manifestações culturais midiático-massivas, nas quais as pretas saíram da cozinha para serem protagonistas das telenovelas, contrasta, no entanto, com o fato de a infância de melanina sofrer o amargor dos ataques brancos.
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Supremacistas, disfarçados ou não, protegem-se na narrativa do “racismo estrutural” para escapar da condição de sujeitos de discriminação, ao tratarem “pretinhas” e “pretinhos” em diminutivo de falsa afetividade camuflando o ódio.
Neste mês das crianças, precisamos trazer à luz essa discussão e garantir articulações para escapar da armadilha conceitual de atribuir-se a doença social a anônimos: é preciso punir e prender.
Com base em dados divulgados em pesquisa, A TARDE foi a campo para constatar múltiplas evidências identificando o pêndulo entre racismos e antirracismos, levando em conta a proporção de uma a cada seis crianças vítimas.
Creches e pré-escolas são os palcos onde não deveria, mas ocorre a maior parte dos ilícitos, conforme dados do “Panorama da Primeira Infância: o impacto do racismo”, encomendado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
Quando o responsável pela criança é um branco a porcentagem da discriminação é 10% mas os casos duplicam quando se trata de uma pessoa de pele preta ou parda, ou seja, os infratores sentem-se mais à vontade a depender da cor do pai. Quatro entre cada dez entrevistados afirmam terem testemunhado ofensas em espaços públicos: ruas, praças e parquinhos; o patamar cai à metade (20%) no bairro, na comunidade, no condomínio e vizinhança.
Um percentual compatível com a necessidade de análise qualitativa é o de 16% de agressões dentro do ambiente familiar, número maior em relação aos espaços privados de shopping, comércio e clubes, com 14% das notificações.
Fonte: A Tarde