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Dor nas costas cada vez mais cedo: o preço do vício nas telas

A rotina moderna mudou a forma como usamos o corpo — e a coluna está pagando o preço. Cada vez mais jovens chegam ao consultório do neurocirurgião com dores lombares, irradiação para as pernas, crises de travamento e sinais iniciais de desgaste nos discos intervertebrais. O que antes era mais comum após os 40 anos agora aparece na casa dos 20 e 30. A combinação de sedentarismo, uso prolongado de telas e má postura criou um ambiente ideal para o surgimento precoce de doenças da coluna.

Como o uso de telas afeta a coluna

Ao inclinar a cabeça para olhar o celular, a coluna cervical é submetida a uma carga que pode ultrapassar 20 kg, dependendo do ângulo. Essa sobrecarga se mantém por horas todos os dias, gerando tensão muscular, inflamação e alterações mecânicas nas articulações. Já a região lombar sofre com longos períodos sentado, muitas vezes sem apoio adequado. No home office, a falta de ergonomia — cadeiras inadequadas, mesas baixas, telas mal posicionadas — agrava ainda mais o problema.

Embora as evidências científicas ainda sejam controversas ao atribuir exclusivamente à postura a causa de alguns casos, é frequente que indivíduos expostos a essas inadequações posturais sejam sedentários ou, mesmo praticando atividade física, não a distribuam adequadamente ao longo do dia. Essa combinação enfraquece a musculatura estabilizadora e acelera a degeneração dos discos, abrindo espaço para protrusões e hérnias que comprimem raízes nervosas. O resultado são dores persistentes, formigamento, perda de força e limitação funcional significativa.

Lombalgia e hérnia de disco: quando procurar avaliação especializada

Os sintomas costumam evoluir aos poucos: dor que piora ao ficar sentado, rigidez ao acordar, desconforto ao levantar peso ou caminhar longas distâncias. Em estágios mais avançados, a dor pode irradiar para glúteos, pernas ou pés, acompanhada de queimação, dormência ou sensação de choque elétrico — sinais clássicos de compressão nervosa.

Quando esses sintomas se tornam frequentes, a avaliação neurocirúrgica é fundamental. Exames como a ressonância magnética auxiliam na identificação de alterações nos discos, na presença de hérnias e no grau de compressão das estruturas neurológicas. O diagnóstico precoce evita que quadros simples evoluam para dor crônica ou déficits motores.

Como preservar a saúde da coluna em um mundo digital

Medidas preventivas têm impacto direto na proteção da coluna:

  • ajustar telas à altura dos olhos;
  • fazer pausas a cada 45 minutos;
  • fortalecer a musculatura do core;
  • manter atividade física regular;
  • evitar longos períodos sentado;
  • priorizar ergonomia no trabalho e no estudo.

Quando necessário, o plano terapêutico pode incluir fisioterapia, analgesia, reabilitação funcional e, em casos selecionados, procedimentos minimamente invasivos. A cirurgia é reservada para pacientes com dor refratária, perda de força ou compressão nervosa significativa, e hoje conta com técnicas modernas que proporcionam rápida recuperação e excelentes resultados.

O desafio da era digital não é abandonar a tecnologia, mas equilibrar seu uso para que ela não comprometa a saúde da coluna. Em um assunto tão comum e frequente como a dor nas costas, é comum recorrer a soluções populares e midiáticas que podem agravar o problema. Reconhecer os sinais precoces e buscar avaliação especializada de qualidade desde o início são passos essenciais para garantir qualidade de vida e prevenir lesões evitáveis. A orientação profissional no momento certo pode ser a diferença entre uma vida saudável, sem dor, e a necessidade de cirurgias e procedimentos recorrentes.

*Texto escrito pelo neurocirurgião Cesar Cimonari de Almeida (CRM/SP 150620 | RQE 66640), membro da Brazil Health

Fonte: CNN BRASIL

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