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Como Trump intensificou sua ofensiva contra a imigração em sete medidas

A última ofensiva de controle imigratório do presidente dos EUA, Donald Trump, desencadeada pelo tiroteio contra dois membros da Guarda Nacional, endureceu significativamente os limites para todas as formas legais e ilegais de entrada de estrangeiros nos EUA.

A ação causou medo e confusão generalizados entre imigrantes que não sabem o que acontecerá com seus casos que estavam em andamento.

A campanha de deportações em massa de Trump chamou atenção por suas táticas rigorosas de detenção de imigrantes indocumentados em todo o país.

Mas a insistência constante do governo em implementar mudanças graduais no sistema de imigração dos EUA também tem sido disruptiva, atrapalhando um processo que já era árduo para milhões de pessoas.

A seguir, entenda as ações tomadas pelos Estados Unidos para impedir a imigração:

1 – Fronteira praticamente fechada

Muro na fronteira entre EUA e México • REUTERS/Go Nakamura

Durante boa parte dos três primeiros anos do presidente americano Joe Biden, a fronteira sul ficou sobrecarregada pela quantidade de migrantes tentando entrar nos EUA, impulsionados por uma combinação de pandemia de covid-19, desastres naturais e deterioração das condições econômicas na América Latina.

No último ano de seu mandato, o governo Biden implementou restrições na fronteira entre EUA e México que, segundo funcionários do Departamento de Segurança Interna, reduziram os cruzamentos irregulares.

Mas conter o fluxo de pessoas, que Trump repetidamente chamou de “invasão”, continuou sendo um princípio central de sua campanha vitoriosa.

E, poucas horas após assumir o segundo mandato, sua administração tomou medidas que, na prática, buscavam fechar o acesso ao asilo na fronteira sul.

No mês passado, a Suprema Corte anunciou que revisaria a política de Trump que rejeita solicitantes de asilo na fronteira.

O republicano assinou um decreto declarando emergência na fronteira, o que provocou o envio de mais pessoal militar para ajudar em tarefas logísticas e burocráticas e finalizar a construção do muro fronteiriço, promessa antiga de Trump.

Em março, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA concedeu o primeiro contrato de construção do muro no segundo mandato de Trump, mais de US$ 70 milhões para erguer cerca de 11 km de barreira no sul do Texas.

A administração Trump diz que essas ações contribuíram para uma queda significativa nos cruzamentos, afirmando uma redução substancial nas travessias de migrantes nos primeiros 100 dias do mandato.

2 – Casos de asilo paralisados

Após o tiroteio em Washington contra os membros da Guarda Nacional, na semana passada, o governo Trump anunciou que suspenderia todas as decisões de asilo até que “possamos garantir que cada estrangeiro seja investigado e examinado ao máximo grau possível”.

Segundo o Centro de Acesso a Registros Transacionais da Universidade de Syracuse, no fim de agosto de 2025 havia mais de 2,2 milhões de imigrantes aguardando decisões ou audiências de asilo.

O Departamento de Segurança Interna também afirmou que está revisando todas as decisões de asilo emitidas durante o governo Biden. A suspensão significa que solicitantes que já esperavam anos agora encaram um futuro ainda mais incerto.

3 – TPS cancelado para vários países

Em 1990, o Congresso criou o programa de Status de Proteção Temporária (TPS) para pessoas fugindo de países afetados por desastres naturais, guerras ou condições que impediam o retorno. O programa garantia o direito de viver e trabalhar nos EUA por um período renovável.

No fim de março, 17 países estavam cobertos pelo TPS, representando cerca de 1,3 milhão de estrangeiros vivendo nos EUA.

Mas o governo Trump vem buscando reduzir essas proteções.

Em fevereiro, o Departamento de Segurança Interna anunciou que tentaria encerrar o TPS para cidadãos do Haiti, que estavam protegidos desde o terremoto devastador de 2010. Um juiz federal bloqueou a medida, alegando descumprimento de procedimentos legais.

A administração também tomou medidas para encerrar ou reverter o TPS de Venezuela, Afeganistão, Camarões, Nepal, Honduras, Nicarágua e Síria.

Em novembro, decidiu acabar também com o TPS para Sudão do Sul e Mianmar, ambos em guerra civil.

Em dezembro, 12 países ainda estavam sob o programa, embora várias proteções expirem no próximo ano, dependendo de ações judiciais.

4 – Admissão de refugiados suspensa, exceto para brancos sul-africanos

Em outubro, a administração Trump anunciou que limitaria o número de refugiados admitidos nos EUA a 7.500 por ano, um número minúsculo para um país historicamente visto como refúgio para milhões de pessoas fugindo de guerra, pobreza e perseguição, e que tradicionalmente mantinha programas com apoio bipartidário.

Em 2024, os EUA admitiram pouco mais de 100 mil refugiados, principalmente da República Democrática do Congo, Afeganistão, Venezuela e Síria.

O principal grupo que Trump está acolhendo são os brancos sul-africanos.

O presidente e aliados, incluindo o ex-assessor e bilionário sul-africano Elon Musk, afirmam que esse grupo enfrenta perseguição, racismo, ameaças e assassinatos em seu país.

Trump e Musk alegam que os brancos sul-africanos são discriminados por políticas de reforma agrária voltadas a reparar o legado do apartheid — sistema sob o qual a população não branca foi expulsa de suas terras para beneficiar os brancos.

Os sul-africanos negros, que são mais de 80% da população, possuem apenas cerca de 4% das terras privadas.

O governo da África do Sul rejeitou firmemente as alegações.

5 – Green cards sob investigação

Green Card, visto permanente de imigração concedido pelas autoridades dos EUA • Getty Images
Green Card, visto permanente de imigração concedido pelas autoridades dos EUA • Getty Images

O tiroteio em Washington também levou o governo Trump a anunciar “uma reavaliação rigorosa e completa de cada green card de estrangeiros de cada país de interesse”.

Titulares de green card têm direito de viver e trabalhar permanentemente no país, mas não têm benefícios como votar ou ter passaporte americano.

Questionado sobre quais países geravam preocupação, o governo Trump apontou para uma proclamação presidencial de junho mencionando 19 países, incluindo Cuba, Laos, Venezuela, Haiti e Afeganistão.

Revisar o status de todos esses residentes pode ser uma tarefa monumental, envolvendo dezenas de milhares de pessoas. Não há prazo para conclusão.

6 – Vistos de trabalho restritos

Em setembro, a administração tentou impor restrições a certos vistos de trabalho, alegando que eles prejudicam trabalhadores americanos.

Trump assinou um decreto impondo uma taxa de US$ 100 mil para solicitar o visto H-1B, comumente usado pelo setor de tecnologia. Anualmente, cerca de 65 mil vistos H-1B são concedidos, e a demanda supera a oferta.

Em outubro, o governo anunciou mudanças, como restringir a definição de “ocupação especializada”, aumentar a fiscalização em locais de trabalho e reformar a metodologia salarial.

Um setor que Trump parece hesitar em restringir é o agrícola, altamente dependente de mão de obra imigrante, legal e indocumentada.

Apesar da retórica dura, a administração buscou tranquilizar o setor, e o tom do republicano sobre trabalhadores agrícolas indocumentados tem sido mais brando.

7 – Vistos de estudante reduzidos

A administração concedeu milhares de vistos a menos para estudantes internacionais do que nos anos anteriores.

Este ano, também mirou os vistos de estudantes já presentes no país, com foco especial nos que participaram de protestos universitários contra a campanha militar de Israel em Gaza.

O Departamento de Estado revogou cerca de 6 mil vistos de estudantes, e a postura restritiva sobre o que eles podem publicar nas redes sociais desestimulou novos candidatos.

Os motivos das revogações variam de acusações de apoio a terrorismo a infrações menores cometidas anos antes.

No começo do ano, o governo também voltou sua atenção aos estudantes chineses, revogando agressivamente seus vistos antes de reverter parcialmente a decisão.

Em entrevista à Fox News no mês passado, Trump disse que considera “bom” que estudantes de “países externos” frequentem universidades dos EUA — e elogiou a China enquanto criticou a França, aliada tradicional dos americanos.

Fonte: CNN BRASIL

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