O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na manhã desta terça-feira (7) que pretende constranger os países mais ricos a doarem de US$20 bilhões a US$25 bilhões para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). A fala ocorreu durante o programa Bom dia, Ministro, transmitido pelo CanalGov.
Segundo o ministro, Lula foi corajoso na ONU, ao anunciar que o Brasil colocaria US$ 1 bilhão no fundo, enquanto os países ricos “não colocam a mão no bolso”. Diante disso, o papel do governo na COP 30 seria apresentar uma proposta que os países ricos não pudessem recusar. Como exemplo, Haddad citou a aprovação da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$5 mil. Para Haddad, naquele caso houve unanimidade histórica em virtude de um projeto que não poderia sofrer recusa, sob pena de afetar o resultado eleitoral dos parlamentares no ano que vem.
A proposta, contudo, precisa, nas palavras de Haddad, “ir para a mesa de negociação”. O petista opina que “o papel da política é constranger”. Lula idealizou o fundo em 2023, na COP 28 de Dubai, e planeja lançá-lo oficialmente agora, na COP 30. Mas mesmo com as negociações programadas para ocorrer durante a conferência, em Belém, Haddad não acredita na criação do fundo ali mesmo.
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O que é o fundo proposto pelo governo?
O Fundo Florestas Tropicais Para Sempre pretende arrecadar R$125 bilhões antes de começar a operar. Tanto empresas quanto países poderiam emprestar seus recursos ao fundo, visando obtenção de retornos no futuro.
Em princípio, os investidores emprestam seus recursos com a finalidade de obter tanto a preservação das florestas quanto retorno financeiro. O dinheiro emprestado é então reinvestido em aplicações de baixo risco. O governo enviaria parte do lucro obtido aos 70 países tropicais elegíveis para recebê-lo, com uma expectativa de até US$ 4 bilhões por ano, ao todo. Parte disso seria obrigatoriamente destinada a povos indígenas. Por fim, os investidores receberiam de volta tanto o valor investido quanto parte dos lucros do reinvestimento.
Nesta segunda-feira (6), o governo foi indicado ao prêmio Earthshot 2025, por conta da iniciativa. Mas o projeto é tido por ambientalistas como fantasioso.
Fonte: Gazeta do Povo