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Peça gratuita transforma conto de Saramago em aventura

Salvador vira palco de uma jornada poética inspirada em José Saramago –

Entre os dias 7 e 10 de outubro, oespetáculo Em Busca da Ilha Desconhecida, do Coletivo DUO, convida crianças, adolescentes, jovens e professores da rede pública de ensino de Salvador a embarcarem em uma travessia simbólica pelo imaginário e pela coragem de sonhar. As apresentações serão no Espaço Boca de Brasa Subúrbio 360°, sempre em duas sessões diárias e gratuitas, com acessibilidade em Libras, audiodescrição e atendimento especializado a pessoas com deficiência física, visual, auditiva e do espectro autista.

A montagem integra o projeto “Cabriola: Mediação Cultural Jovens Espectadores – 2º Salto”. Primeiro espetáculo infantojuvenil do grupo, Em Busca da Ilha Desconhecida parte do conto homônimo de José Saramago para tratar de amizade, persistência e coragem diante do desconhecido.

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A dramaturgia acompanha dois jovens que decidem enfrentar desafios para encontrar uma ilha nunca antes habitada. “A peça é um convite ao sonho, mas também à ação, à ideia de que cada um pode se colocar em movimento para transformar a si mesmo e o mundo ao redor”, explica o ator e integrante do Cabriola, Israel Barreto.

Marcado pela musicalidade ao vivo e pela força do imaginário ibero-nordestino, o espetáculo reafirma a arte como salto para a liberdade criativa e para a formação de crianças e jovens. Com dramaturgia, encenação e canções originais de Saulus Castro, a montagem estreou em 2016 e já circulou por festivais e feiras literárias, como o Festival de Teatro de Curitiba e o Utopia Festival de Teatro, em Governador Mangabeira (BA).

Em cena estão Saulus Castro, Israel Barretto, Nina Andrade e João Vitor. Para Israel, o processo de criação foi um mergulho profundo no universo do autor português. “A peça se inspira no universo poético de José Saramago, mas traduz essa busca por algo desconhecido para uma linguagem acessível, sensível e imagética, que conversa diretamente com o olhar curioso de crianças e jovens”, afirma.

O ator destaca que um dos principais desafios foi equilibrar a profundidade filosófica com a leveza própria da infância. “Desde o início, entendemos que essa história precisava ser contada não só com palavras, mas com o corpo e os sons como extensões da dramaturgia. Trabalhamos a musicalidade de forma integrada à cena , através dos ritmos do cancioneiro popular, como se tudo fosse uma partitura viva. O corpo fala tanto quanto o texto, e o som amplia os sentidos dessa fala.”, conta.

Para ele, o maior desejo é que a peça desperte o pensamento crítico e criativo do público. “Espero que as crianças saiam do teatro se perguntando: ‘Qual é a minha ilha desconhecida?’. Que percebam que buscar algo novo, imaginar outros mundos ou possibilidades, é também um ato de coragem e de liberdade”, completa.

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O processo criativo

O diretor Saulus Castro define a adaptação do conto de Saramago como um processo intenso e transformador. A obra nasceu paralelamente à sua experiência de paternidade, o que deu novo sentido à ideia de “partir da ilha para ver a ilha”. Ele conta que muitas referências vieram de sua infância no interior da Bahia, o que contribuiu para o tom lúdico e afetivo do espetáculo.

O diretor explica que o espetáculo também carrega marcas da sua origem no interior da Bahia. “As referências que pulsam na peça vêm muito da minha infância e juventude. Isso me permitiu brincar bastante com as composições das figuras e personagens, com suas dinâmicas e gestos. Quis que o público pudesse sentir cheiros, cores e sons que me formaram”, diz.

Para ele, adaptar Saramago para o público infantojuvenil exigiu sensibilidade. “O texto de Saramago é filosófico, mas profundamente humano. Minha vontade era que as crianças percebessem a beleza de buscar o que ainda não conhecem, que entendessem que o ato de sonhar é também um movimento político, um gesto de liberdade”.

Castro destaca que o espetáculo dialoga diretamente com a proposta educativa do projeto Cabriola, ao refletir sobre sonhos, enfrentamentos e construções coletivas.

“Um homem sonha em buscar uma ilha desconhecida, uma mulher em atravessar outras portas. O que eles precisam para isso? Quais obstáculos irão encontrar? São muitas perguntas e escolhas, mas juntos, eles serão mais fortes, terão mais ideias e irão se entusiasmar”, observa.

Arte, educação e inclusão

Realizado desde 2023, o ‘Cabriola: Mediação Cultural Jovens Espectadores’ chega ao seu ‘segundo salto’ reafirmando o papel da arte como instrumento de transformação social. Voltado às infâncias e juventudes da rede pública, o projeto busca romper barreiras socioeconômicas e ampliar o acesso à produção cultural.

Além das apresentações, o Cabriola promove oficinas, mediações culturais e consultorias psicopedagógicas, transformando o cotidiano estudantil em um espaço de liberdade e criação. A equipe também realiza sensibilizações nas escolas, levando música e troca de experiências com os alunos, e a ação Baú dos Sonhos, em que estudantes expressam suas metas e desejos por meio de textos e desenhos.

Castro destaca a importância da continuidade do projeto para o fortalecimento das políticas culturais e da memória coletiva. “Os estudantes precisam perceber que a arte é parte viva do seu cotidiano e que seus sonhos são possíveis. Cada experiência é uma flecha lançada que toca lugares que nem sempre conseguimos ver, mas que certamente transformam quem as vive”, afirma o diretor.

O 1Cabriola: Mediação Cultural Jovens Espectadores – 2º Salto’ conta com o patrocínio do Porto Cotegipe através da Lei de Incentivo a Projetos Culturais – Lei Rouanet, realização do Ministério da Cultura e Governo Federal – Do Lado do Povo Brasileiro.

Cabriola: Mediação Cultural Jovens Espectadores – 2º Salto apresenta o espetáculo: Em Busca da Ilha Desconhecida (Coletivo DUO) / A partir de hoje até sexta-feira (10), sessões 09h30 e 14h30 / Espaço Boca de Brasa Subúrbio 360° / Gratuito

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.



Fonte:
A Tarde

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