HomeNotíciasAcordar bem mesmo dormindo pouco: mito ou realidade científica?

Acordar bem mesmo dormindo pouco: mito ou realidade científica?


Você provavelmente já ouviu alguém afirmar que “funciona bem” dormindo apenas cinco horas por noite, por exemplo. Em um mundo acelerado, em que a luz elétrica, televisão e celulares estendem artificialmente o dia, o sono acaba ficando em segundo plano. Mas será que é realmente possível viver bem dormindo pouco? A resposta, segundo a ciência, é mais complexa do que parece.

Para Geraldo Lorenzi Filho, especialista em medicina do sono e diretor do laboratório do sono do InCor, a quantidade necessária de descanso varia de pessoa para pessoa e ao longo da vida.

“Um bebê dorme 16 a 18 horas por dia. Uma criança, muitas horas também. O adolescente ainda precisa dormir bastante, mas o adulto tende a dormir menos”, explica. A média, no entanto, recomenda que adultos precisam de uma noite de sono que dure entre sete e oito horas. “Dormir menos de seis horas está associado a diversos problemas de saúde”, alerta o médico.

Dormidores curtos, uma exceção e não regra

Existem casos raros de pessoas que realmente parecem se dar bem com pouco sono. “De fato, existem os dormidores curtos, que são uma faixa muito pequena da população. Muitas vezes, com cinco horas de sono, eles ficam bem”, diz Lorenzi.

Por outro lado, há quem precise de mais de oito horas para se sentir descansado. O grande equívoco está em achar que todos podem se encaixar nessa primeira categoria.

“É difícil encontrar alguém que esteja realmente muito bem dormindo pouco. Muitas vezes, a pessoa acha que está descansada, mas já está vivendo com um déficit de sono”, pontua o especialista.

A sociedade restrita de sono

Segundo Lorenzi, o problema não é apenas individual, mas coletivo. “Nós somos uma sociedade restrita de sono desde a invenção da luz elétrica, e agora com os celulares, que te conectam ao mundo digital, isso se intensificou. Esses são os grandes ladrões de sono”, afirma.

Ele explica que pequenas perdas acumuladas fazem diferença. “Se a pessoa tira 15 ou 20 minutos de sono todos os dias, ao longo do tempo ela vai acumulando déficit. Ela não percebe direito que está cansada, fica mal-humorada e acredita que está bem, mas na realidade não está.”

Uma forma de identificar isso é observar se, nos fins de semana, dorme-se muito mais do que nos dias úteis. “Esse é um indicativo de que você está restrito de sono, ou seja, dormindo menos do que deveria”, esclarece.

Distúrbios que atrapalham o descanso

Além da rotina, distúrbios podem prejudicar o sono. “Às vezes, o adulto quer dormir, mas não consegue. Pode ser que ele tenha algum problema intrínseco do sono. A apneia, por exemplo, é muito comum. A pessoa vai dormir, fica acordando porque respira mal, acumula déficit de sono e fica cansada ao longo dos dias”, explica o médico.

Esse ciclo costuma ser agravado pelo uso de estimulantes. “A pessoa começa a tomar cafeína para compensar o cansaço, mas isso piora a qualidade do sono e vira um círculo vicioso.”

Por que o sono é insubstituível

Para além da sensação de repouso, o sono cumpre funções vitais. “Dormir é essencial para o clareamento de radicais livres e substâncias tóxicas do cérebro, para a fixação da memória e para o bom equilíbrio psicológico. Não é luxo, é uma necessidade fisiológica”, reforça Lorenzi.

Mesmo aqueles que se dizem adaptados a dormir pouco podem estar em risco. O médico cita um estudo realizado no InCor: “Pessoas que dormiram durante cinco noites menos de cinco horas, mesmo dizendo que estavam bem, apresentaram alterações da atividade simpática e do endotélio vascular. Isso mostra que o organismo estava sob estresse, mesmo que a pessoa não tivesse consciência disso.”

A mensagem do especialista é clara: dormir pouco, em média, não é saudável. “Dormir pouco acaba sendo um estresse psicológico e físico para as pessoas. O corpo paga a conta, mesmo quando a gente acha que está bem”, resume Lorenzi.

Sentir-se disposto após poucas horas de sono pode até acontecer em situações pontuais, transformar isso em hábito é arriscado. A ciência confirma: o sono é tão importante quanto alimentação equilibrada e atividade física, e não deve ser negligenciado.

 



Fonte:CNN BRASIL

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